O que o impeachment de Collor pode nos ensinar sobre o (im)provável impeachment de Bolsonaro diante de escabrosa corrupção e manifestações?

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Ps.: O Prof. Brasilio Sallum Jr. (USP e UNIFESP), embora faça mais jus à sociologia paulista, sabe muito de marxismo, teoria marxiana, método marxista e merece ser lido quando trata disso. Recomendo seu texto abaixo (“Marxismo, sistema e ação transformadora“), em que cita Gramsci (o “site” reúne textos gramscianos e sobre Gramsci) e uma renovação coerente de Marx e Engels, e é justamente uma tentativa de propor caminhos teórico-práticos para marxistas superarem não só o dito “dogmatismo”, mas também o limbo de um tempo contra- ou antirrevolucionário:

https://www.acessa.com/gramsci/?page=visualizar&id=1577

A CPI da COVID, a eleição de 2022 e o objetivo da direita

Informações dos bastidores da política!

Está prevista para amanhã, dia 27, a abertura da “CPI da Covid” no Senado Federal para investigar e avaliar a omissão criminosa, a sabotagem explícita e a responsabilização do governo Bolsonaro (com e sem o sinistro Eduardo Pazuello, general incompetente que aceitou a conivência mortífera e a humilhação dum ex-capitão expulso) com relação à pandemia. Todo brasileiro sabe – mas especialistas endossam – que bastariam as falas e atitudes de Bolsonaro esse tempo todo para a responsabilização criminal, portanto a CPI serve para confirmar, trazer mais dados concretos e de transparência pública.

No entanto, podemos dizer que a CPI não é nem de longe formada majoritariamente por membros da esquerda, o único espectro político realmente lúcido durante toda a pandemia, mesmo não sendo monolítico e mesmo com momentos de concessões, equívocos liberalóides, utopias (ou peleguice) em relação à burguesia, pragmatismo.

Vejamos – os integrantes plenos da CPI são: Eduardo Braga (MDB-AM), Renan Calheiros (MDB-AL e relator), Ciro Nogueira (PP-PI), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM e presidente da comissão), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Eduardo Girão (Podemos-CE), Humberto Costa (PT-CE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP, criador da CPI e vice-presidente), Jorginho Mello (PL-SC) e Marcos Rogério (DEM-RO). Há ainda membros suplentes, praticamente dos mesmos partidos direitistas. PT é centro-esquerda, conta com um membro só, a Rede é oposição ferrenha entre a centro-direita e a centro-esquerda, mas trata-se dum partido errático, que há poucos anos defendia a Farsa Jato. E só. Os outros são de direita, a maioria com um pé no “Centrão” (direita sem ideologia).

Porém, o desenho supracitado é pouco favorável ao presiDEMENTE – não há nenhum nome totalmente fiel a ele e seus crimes. É por isso que o DESgoverno está desesperado, empenhando-se como nunca para se defender, e até mesmo tentando tirar Renan Calheiros da relatoria. Ele respondeu: “Por que tanto medo?”. Não falta quem tenha já dito e escrito que se os sicofantas que hoje possuem o governo federal em mãos tivessem tido o mesmo empenho para combater a pandemia, não estaríamos diante de quase – quase – 400 mil óbitos de brasileiros (e subindo).

Estivéssemos com um mínimo de poder popular, a CPI seria formada por conselhos nacionais de amplos setores da população, incluindo enfermeiros, juristas populares, cientistas e médicos. Como está, no entanto, promete ser uma pedra no sapato da extrema-direitalha. Explico:

Um dos acontecimentos políticos mais importantes da semana passada, que não pode deixar de ser desapercebido a respeito deste assunto, foi a entrevista de Gilberto Kassab, que manda no PSD, afirmando que Bolsonaro não irá para o segundo turno da eleição presidencial de 2022. (O PSD eventualmente faz parte, assim como o DEM, ora sim, ora não, do fisiologista “Centrão”, direita sem ideologia.)

Ao dar a entrevista, sinaliza para os atores políticos que começa-se a atuar com essa hipótese. O objetivo de setores da direita e da “centro-direita” é utilizar a CPI da COVID para desgastar ainda mais a imagem de Bolsonaro (ele tem uma reprovação enorme, sobretudo se considerarmos primeiro mandato) de tal modo que chegue combalido no ano de 2022 e não vá para o segundo turno.

Este também é um dos motivos pelo qual Arthur Lira (presidente da Câmara dos Deputados através de conchavos e negociatas), assim como o anterior Rodrigo Maia, ainda não tirou da gaveta um dos mais de 100 (cem!) pedidos de impeachment. (E Mourão, grau 33 da maçonaria, dum partido pérfido e fraco, tampouco interessa à oposição e à situação.)

Por que a direita quer isso? Primeiramente, porque é mais vantajoso um nome que não seja, de cara, de extrema-direita, “independente”,  terrivelmente ruim, deteriorável, a isolar o país numa geopolítica já totalmente transformada (em português claro, estamos na contramão do mundo), e para continuar as contrarreformas neoliberais, apregoadas pela mídia hegemônica monodiscursiva, com visual low profile, enganoso, já que são os mesmos que apoiaram Bolsonaro antes; segundo, porque a direitalha (que nunca se assumiu como de direita, senão perde voto) está tão prejudicada por conta de Bolsonaro, assumidamente de direita, que eles sabem o que vão enfrentar.

Assim, abre-se espaço para outro candidato da direita, ou seja, esses setores direitisitas e até oligárquicos, representantes do pior empresariado, consideram (e os institutos de pesquisa atestam previamente) que Lula/PT, como sempre, por ter base social sólida e legado, está inevitavelmente no segundo turno e que ele vencerá se enfrentar Bolsonaro (tal como venceria em 2018 não tivesse sido preso indevidamente), daí a preocupação desses setores de emplacar outro nome (que ainda não têm), já que Bolsonaro, além de enfraquecido e encurralado, atuando apenas para se safar de tantos crimes seus e de sua familícia, não dá espaço para Kassab e afins.

Ver também

DENÚNCIA: Médicos privados e do SUS estão receitando ivermectina e azitromicina para COVID-19!

Uma pessoa da minha família pegou COVID-19 e a médica do SUS (!) receitou ivermectina (que o sacripanta Jair Bolsonaro, reforçando seus crimes de responsabilidade, voltou a defender hoje junto ao medicamento Annita, mas que só mata piolho e lombriga) e azitromicina (antibiótico também sem comprovação científica, conforme vários estudos demonstraram), além de outros remédios menos absurdos contra os sintomas (prednisona, novalgina, vitaminas D3 e C), ou seja, como se fosse um “kit”!

Enquanto o resto do planeta Terra (que não é plana) começa a se vacinar!

Ao escrever este relato, recebo de contatos outros relatos contando que médicos da rede privada também estão receitando tais medicamentos.

Um colega – do Direito, não da Medicina – me diz que a azitromicina, conforme mostra a bula, pode servir para complicações respiratórias, já que o sintoma mais fatal da COVID-19 é a falta de ar… Mas isso não retira o que dizem os estudos internacionais e não responde aos meus questionamentos, que escreverei no final. E o pior e tão preocupante quanto: o uso desenfreado de antibióticos durante essa pandemia pode levar a “apagão” contra bactérias resistentes, conforme pesquisadores e médicos têm alertado.

Leio que um ou outro prefeito direitista também incentiva tais “kits” – ao invés de fazerem como prefeitos e governadores mais sensatos, que correm atrás da vacinação.

Não nos interessa se esses médicos votaram 17 nas urnas em 2018, não nos interessa se não passam de sicofantas – nos interessa a Ciência, ou é caso para serem impedidos de exercer a função! Será que essa médica faz parte do “grupo” de “tratamento precoce contra COVID-19”, que se julga apto e “independente” a receitar insanidades, mesmo quando sob riscos de efeitos colaterais?! Sem consenso nenhum com a comunidade médica, epidemológica e científica?! A troco de que?! Simplesmente não existe ainda qualquer “tratamento precoce” para COVID-19, a doença do novo coronavírus. Os usuários não estão nem mesmo sendo “cobaias” (e nem poderiam), porque, conforme escrevi acima, estudos com tais medicamentos já foram realizados e divulgados.

Um receituário é a via final, é o resultado de um longo processo que envolve estudos científicos e imunológicos de outros profissionais gabaritados! E tais estudos têm sido amplamente divulgados.

Aos médicos e profissionais da Saúde que me acompanham, se manifestem! Ninguém faz nada?! Fica por isso mesmo?! O que está por trás?

Por que essa defesa insistente de um governo que não está nem aí para a pandemia e para os óbitos diários (antes, renitente em relação à ineficaz hidroxicloroquina, como se Bolsonaro fosse um garoto-propaganda do lucro farmacêutico escuso e do negacionismo), um governo que destruiu o ministério da Saúde e nossa expertise em vacinação?!

Por que o alinhamento de certos médicos com essa defesa renitente?! A troco de que?!

É uma quadrilha de corrupção em conluio com laboratórios? Essa gente não é “maluca” de graça, e fanatismo que atropela ciência e anos de estudo – e até reputação! – só pode ter interesses! Quais?! Como?!

E a conivência mafiosa do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Regional de Medicina?! A troco de quais interesses?!

Quer dizer que a “categoria médica”, ostentando seus privilégios (a Medicina, no Brasil, é curso elitista de classe média, e as exceções confirmam a regra), só esbraveja quando é para ser contra os médicos cubanos – que vieram suprir a falta dos médicos brasileiros, que não vão à periferia e aos rincões do país? Ruy Castro escreveu que tal categoria e suas organizações, diante da pandemia e da incompetência, deveriam já ter feito algo para impedir e até derrubar (juntar-se aos mais de 50 pedidos de impeachment, por exemplo) o sujeito que ocupa a Presidência, uma vez que ninguém melhor do que os próprios médicos para julgarem o seu papel neste momento de crise sanitária.

O que realmente está acontecendo?

Ps.: Notícia de ontem – Morre aos 36 anos pastor “bolsonarista” que defendia cloroquina e ivermectina. São várias as notícias de casos assim…

Ps. 2: Infectologias reforçam posição contra tratamento precoce da COVID-19.