Quem são os latifundiários que incendiaram e destruíram parte do Pantanal com aval de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles

“Índios e caboclos”, conforme mentiu o calhorda Jair Bolsonaro na ONU, são os responsáveis por tantas imagens de horror de animais mortos, carbonizados e feridos (o Pantanal virou um cemitério de animais a céu aberto) e biomas destruídos por queimadas sem precedentes? (É o maior número mensal de focos de incêndio na história.) É claro que não, e esse cinismo assassino nem faz questão de esconder o seu propósito sórdido. Incêndios tomaram quase metade das terras indígenas no Pantanal; os dados indicaram que as queimadas começaram em terras privadas e os indígenas, que amam a natureza, relataram que “fogo veio de fora” e “destruiu tudo”. Além disso, invasões em terras indígenas aumentaram 130% no primeiro ano do (des)governo Bolsonaro e 113 indígenas foram assassinados, conforme relatório anual do Cimi, cujo coordenador reforçou: “É o aval do governo Bolsonaro que autoriza invasores a desmatar e devastar terras indígenas.”

Reportagem do G1 (“agro é pop” mesmo?) de 24/09/2020 revela alguns dos verdadeiros responsáveis pelas queimadas no Pantanal em 2020, indiciados pela Polícia Federal: 4 latifundiários(nomes deles mais abaixo), além de nomes de outros proprietários, empresários e desmatadores que eu coletei e que não estão na mídia hegemônica. A direitalha, há muito tempo, desconstruiu a imagem do MST – Movimento dos Sem-Terra ou da Funai como se os trabalhadores camponeses e os indígenas fossem os bandidos do campo, quando, na realidade, os verdadeiros bandidos são os fazendeiros, grileiros, madeireiros e garimpeiros, que roubam e concentram terras. Ainda de acordo com a própria PF, os incêndios foram causados propositalmente pelos latifundiários – nesta época de clima seco – para transformar a vegetação preservada em pasto. “Você extrai a mata nativa, e aí fica a pastagem para o gado”, explicou o delegado Alan Givigi, coordenador da Operação Matáá (“fogo” no idioma guató, homenagem aos indígenas que vivem nas proximidades atingidas), que apreendeu celulares, notebooks e outros materiais nas fazendas. O delegado de PF Leonardo Raifaini afirmou que a investigação, já adiantada, logo traria maiores informações e “(…) Se houve intenção de destruição do bioma ou não. Mesmo que seja para renovar pastagem.” Gado, carvão, cana e soja estão por trás do desmatamento milionário e criminoso no Pantanal, conforme revela reportagem do De Olho Nos Ruralistas, observatório do agronegócio no Brasil.

Tivéssemos um governo minimamente de esquerda ou socialista, apoiado no aparato de inteligência séria da PF, e esses agropecuaristas bandidos teriam suas terras expropriadas para os camponeses, trabalhadores do campo e para os indígenas. O horizonte seria rumo à propriedade coletiva e comunitária.

Grandes fazendeiros apoiadores da política ecocida do condenado por crime ambiental Ricardo Salles (aquele que quer devastar tudo, “passar a boiada”, enquanto o país queda paralisado diante dos óbitos e notícias sobre a pandemia de COVID-19) e Jair Bolsonaro, no rastro de sua explícita permissão destrutiva. A fala psicopática e chocante de Salles – que, quando quis ser deputado federal pelo Partido “Novo”, recebeu apoio de mais de 100 empresários do agronegócio e de setores de arma e munição – está alinhada com a de Bolsonaro (“esse governo é de vocês”, ele já disse para ruralistas): enquanto o país assistia sua natureza ser queimada e os óbitos de coronavírus subirem para mais de 140 mil, Bolsonaro se reunia com ruralistas para lhes parabenizar: “Vocês não entraram na conversa mole de ficar em casa.” Noutras palavras, estavam “passando a boiada”, porque “ficar em casa” – ou seja, seguir as medidas restritivas recomendadas pela ciência infectológica para barrar o contágio da pandemia – “é conversa mole de fracos”. Para estes inimigos da natureza e da vida humana, o lucro destrutivo no campo e empresarial nas cidades não pode parar, deve seguir apesar das vidas humanas e da própria vida natural do Planeta Terra. Paradoxalmente, durante essa mesma visita bandida em Mato Grosso, o avião presidencial teve de arremeter por causa de muita fumaça, mas nem esse susto fez o desprezível reconhecer a gravidade das queimadas.

O (des)governo agiu o tempo todo com perseguição e ataques contra ONGs e salvadores das florestas, cortou verbas dos brigadistas em mais da metade destinadas para a proteção ambiental, esvaziou por completo o orçamento de políticas ecológicas e estimulou em discursos e ações o ecocídio assassino para o lucro de ruralistas, agronegócio, oligarcas e capitalistas. Eleito em 2018, mas já antes da posse, Bolsonaro havia declarado: “No que depender de mim, não tem mais demarcação de terra indígena. Já com o governo assentado, um levantamento revelou que mais de 100 propriedades foram autorizadas de maneira irregular em terras indígenas na Amazônia a partir de nova portaria dos serviçais de latinfundiários, que usurparam a Funai.

Mas as últimas queimadas no Pantanal passaram de todos os limites históricos, atingindo áreas de preservação, matando animais e destruindo biomas numa área equivalente ao Rio de Janeiro. Araquém Alcântara, um dos bravos fotógrafos que se empenha em registrar in loco um dos cenários mais importantes e bonitos do país, diz que o Pantanal está irreconhecível e que somente a chuva pode regenerá-lo.

Abaixo, os nomes dos 4 fazendeiros criminosos, indiciados pela Polícia Federal na Operação Matáá através de imagens de satélite e perícia local:

  • Hussein Ghandour Neto, proprietário da fazenda Califórnia, que possui 1.736 hectares de terra e onde os incêndios começaram em 30 de junho;
  • Pery Miranda Filho (preso em flagrante por porte ilegal de armas e munições, solto no dia seguinte por determinação judicial) e sua mãe Dania Tereza Sulzer Miranda, proprietários da fazenda Campo Dania, que possui 3.061,67 hectares de terra e onde os incêndios começaram em 1° de julho;
  • Ivanildo da Cunha Miranda, proprietário da fazenda Bonsucesso, que possui 32.147,06 hectares de terra e onde os incêndios começaram em 14 de julho;
  • Antônio Carlos Leite de Barros, proprietário da fazenda São Miguel, que tem 33.833,32 hectares de terra e onde os incêndios começaram em 16 de julho.

Ivanildo da Cunha Miranda, o único com rosto à mostra pelos jornais e maiores informações numa pesquisa rápida, é delator da operação Lama Asfáltica, em que detalhou esquema de propina da JBS para o governador do MT, André Puccinelli (MDB).

Há poucas informações mais substanciais sobre os outros, o que comprova que a oligarquia e a burguesia a serem derrotadas e expropriadas atuam praticamente às escondidas, enquanto os agentes públicos direitistas que lhes servem recebem todo holofote.

Hussein Ghandour Neto, Pery Miranda Filho, Dania Tereza Sulzer Miranda, Ivanildo da Cunha Miranda e Antônio Carlos Leite de Barros são os latifundiários, de acordo com investigação da Polícia Federal, diretamente envolvidos nas últimas queimadas criminosas no Pantanal com o aval do (des)governo ecocida de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles.

Outros nomes importantes

Os maiores multados por desmate e crimes ambientais no Pantanal desde 1995 até 2018, de acordo com o Ibama e o De Olho Nos Ruralistas, observatório do agronegócio no Brasil: Geraldo Albanez, Oswaldo Cid Nunes da Cunha, Agropecuária Santa Mariana Ltda, Eurydes Beretta Júnior, Silvio Eduardo Burani, José Maria Costa, Black Ind. Imp. Expo. E Comércio De Carvão Vegetal Ltda – Me, Fazenda Ribeirão Agropecuária Ltda, Reginaldo Farias Santos, Simasul Siderurgia Ltda, Roberto Pedro Tonial, Raul Amaral Campos, Renato Alves Ribeiro, MMX Metálicos Corumbá Ltda (empresa de Eike Batista), Brpec Agropecuária S/A. Saiba mais na reportagem do De Olho Nos Ruralistas: “Eike Batista, Vale e família Steinbruch já receberam multas milionárias por desmatar Pantanal”.
Segundo reportagem do De Olho nos Ruralistas, a empresa é a BRPec Agropecuária, que recebeu em 2018 uma autuação de R$ 58 milhões, recorde entre os multados por desmatamento no bioma desde 1995, mais que o triplo da segunda maior multa; o banqueiro André Esteves, que já foi CEO do BTG Pactual, tem uma fortuna de cerca de R$ 25 bilhões.

É um trabalho extenso para uma pessoa só pesquisar e coletar todos os fazendeiros do Brasil a serem expropriados e os responsáveis diretos e indiretos pelo desmate dos anos anteriores, deste ano de 2020 e de 2019, em que o aval de Jair Bolsonaro e Ricardo Salles escancarou as queimadas. Pior: seria perigoso, num país em que jornalistas e ambientalistas são assassinados por mexerem com interesses do status quo… Para isto, há o aparato de inteligência e especialistas técnicos de institutos e organizações sérias. Para se ter uma ideia, depois da Operação Matáá ser iniciada, órgãos estaduais começaram a investigar origem do incêndio em 35 fazendas (!) de Mato Grosso do Sul. Ainda que talvez a maior parte destas tenham sido atingidas como consequência do descontrole do fogo, os fazendeiros, mesmo prejudicados, defendem as queimadas e o desmate para pastagem, e tratam-se de propriedades invadidas, roubadas, concentradas a custa de guerras seculares e sangue.

Mais ainda: descobriu-se, ao longo dos dias, que um dos focos de incêndio criminoso em Mato Grosso, que destruiu 90% do Parque Encontro das Águas, o principal refúgio de onças do Pantanal e do mundo (a Ampara Silvestre mostrou nas últimas semanas resgates e cuidados desses animais), teve origem em uma fazenda clandestina, isto é, que não aparece em dados oficiais, conforme estudo elaborado pelo Instituto Centro de Vida (ICV) com imagens fornecidas pela Agência Espacial Europeia (ESA). Tudo indica que a fazenda foi invadida e ocupada por grileiros de terras, que dificultam os órgãos públicos de encontrar responsáveis pelas queimadas e outros crimes ambientais.

No entanto, citarei alguns nomes muito relevantes, sem os quais a natureza do Brasil seria mais protegida e menos danificada.

Vale lembrar, além dos 4 nomes acima apontados pela própria Polícia Federal, o nome de Raimundo Cardoso Costa, defensor explícito de Jair Bolsonaro, latifundiário morador de São Paulo, investigado pela PF no início da operação por focos de incêndio em uma de suas duas propriedades do Mato Grosso, e que, para o Repórter Brasil (matéria importante sobre o fornecimento desses agropecuaristas para gigantes do agronegócio – “Fogo no Pantanal matogrossense começou em fazendas de pecuaristas que fornecem para gigantes do agronegócio“, https://reporterbrasil.org.br/2020/09/fogo-no-pantanal-mato-grossense-comecou-em-fazendas-de-pecuaristas-que-fornecem-para-gigantes-do-agronegocio/), afirmou que o incêndio em sua fazenda começou após a explosão de um carro (?!) e que, após as revelações, notícias, investigações, “Estão detonando a gente” (os fazendeiros do Pantanal), e, reclamando da regulação ambiental, veio com o mesmo vitimismo automático de sempre dos direitofrênicos:

“Tudo que acontece no Brasil é culpa do Bolsonaro. A mídia acha que quanto pior, melhor. Temos que ajudar o presidente a melhorar o Brasil.”

Parece a fala de um personagem caricato e padronizado. Lembra o fanatismo nazifascista, embora a direita brasileira e latino-americana seja, desde a Segunda Guerra, antinacional… O que será “melhorar o Brasil” para esses latifundiários? Destruí-lo para pasto e lucro de meia dúzia?! É isto ser “patriota”?! “Riscar os índios, nada esperar dos pretos”?!

Tanto Raimundo Cardoso Costa quanto José Sebastião Gomes da Silva, que tiveram focos de incêndio identificados em suas fazendas nas queimadas gigantescas de 2020, que chocaram o Brasil, vendem gado para empresas da família Maggi (Amaggi e Bom Futuro), fornecedoras de gigantes brasileiras como JBS (donos: José Batista Sobrinho e seus filhos, sobretudo Wesley Batista, Joesley Batista, Júnior Friboi – que estampam nos últimos anos os noticiários e as páginas políticas e policiais), Marfrig (de Marcos Antonio Molina dos Santos) e Minerva (da ‎‎Família Vilela de Queiroz). Essas gigantes são bem conhecidas por históricos de alta corrupção, propina (não há nada que não se faça hoje no capitalismo, sistema estruturalmente corrupto, já que o lucro está acima de tudo, sem propina), ilegalidade com fornecedores indiretos, ações bilionárias e, apesar de iniciativas aqui e ali de “sustentabilidade”, desmatamento.

André Maggi (1927-2001), tido por coniventes ou alienados como “herói matogrossense”, merece uma nota. Não há espaço suficiente neste texto para se aprofundar numa biografia cavada sobre esse nome, que estampa ruas e locais (o De Olho Nos Ruralistas tem as informações mais detalhadas e importantes), mas basta, como introdução, dizer que relatoria da PF comprovou que Maggi escravizou trabalhadores em suas fazendas já nos anos 1980. Em documento “confidencial”, um trabalhador relatou ter sido açoitado com um chicote de couro em fazenda pertencente à Agropecuária Maggi. No site oficial da Agropecuária, lemos o seguinte título: “AMAGGI | Desenvolvimento Sustentável para o Agronegócio”.

Eraí Maggi, presidente do Grupo Futuro, sobrinho de André Maggi, já posou sorridente com Jair Bolsonaro no hospital no final de 2018, quando este ainda era candidato. Aliás, Eraí Maggi possui ou tenta proximidade com todos os presidentes e figuras políticas de destaque, porque é considerado o maior produtor de soja do mundo.

Outro membro conhecido da família é Blairo Maggi, filho de André Maggi e primo de Eraí. Já em 2005 foi “premiado” com o Motosserra de Ouro do Greenpeace. Foi senador eleito em 2010 pelo Partido da República (PR) de Mato Grosso. (Em 27 de fevereiro de 2013, assumiu a presidência da Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle do Senado Federal, apesar da resistência dos parlamentares ligados ao movimento ambientalista.) Também foi “Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil” durante o governo ilegítimo e golpista de Michel Temer (2016-2019). Durante a Operação Carne Fraca, falou em  “desburocratização do agronegócio” para diminuir a fiscalização sanitária. Mesmo durante a comoção nacional após o rompimento de barragem em Mariana, da mineradora Samarco, causando prejuízos ambientais, econômicos e dezenas de mortes, Blairo havia proposto o fim do licenciamento ambiental. Não para por aí. Durante a 22ª Conferência do Clima em Marrakech, uma dos encontros mais importantes da ONU, minimizou o conflito agrário, afirmando, sobre o número de mortes de ambientalistas no ano, que “é só 50” (!), quando, na verdade, naquele ano houve, no mundo, 200 mortes do tipo, sendo 50 só no Brasil, o que fez o país o campeão mundial de assassinato de ambientalistas.

Pois bem. Outros nomes de fazendeiros que precisam ser considerados, ainda que não estejam naquela lista da Operação Matáá da PF, senão como desmatadores diretos nos últimos anos e sobretudo a partir do (des)governo Bolsonaro, ao menos defensores de queimadas ou causadores de queimadas anteriores:

Há outros, muito possivelmente. Será importante um mapeamento de todas aquelas 35 fazendas investigadas a priori na Operação Matáá.

Encontramos vários desses nomes acima envolvidos em processos trabalhistas. Não é preciso dizer que, mesmo com a abolição da escravatura e o fim da escravidão enquanto modo de produção econômico, nos grotões e rincões do país ainda há pessoas em situações análogas à escravidão ou semiescravidão, nas mãos desses latifundiários e/ou de seus antecedentes.

Qual é a solução?

Processos, multas, indenizações aplicados aos fazendeiros, reflorestamento, cassação dos políticos envolvidos podem ser importantes num primeiro momento e a curto e médio prazo, mas a solução do problema não está dentro da justiça da ordem burguesa ou oligárquica. O que reproduz o crime ambiental possui uma causa a ser mitigada e extirpada. Este texto já forneceu, acima, nomes e informações substanciais para este trabalho revolucionário.

O “capitalismo verde”, que lucra com florestas em pé sem desmate, e que é a aposta dos países desenvolvidos da Europa que já fizeram uma reforma agrária, tampouco é a solução, ainda que num primeiro momento estratégico seja preciso se unir a esse setor para derrotar a oligarquia do atraso. Há uma parte do agronegócio – minoritária no Brasil? – que é contrária aos desmatamentos. São iniciativas de bioeconomia, agrofloresta, biotecnologia, bioindústria, etc. Há quatro dias, inclusive, por pressão interna e externa de investidores diante das imagens e das notícias do ecocídio na Amazônia e no Pantanal, gigantes multinacionais se uniram contra o desmatamento, o que foi recebido como boa notícia e sem críticas por parte da esquerda. Este comportamento da esquerda só pode surgir por uma defasagem da (ou preconceituosa ojeriza à) teoria revolucionária e anticapitalista.

Embora num primeiro momento possa parecer mil vezes melhor a sustentabilidade contra o obscurantismo destrutivo de parcelas atrasadas (o Brasil, mesmo no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, tem áreas que ainda lembram a Rússia feudal, pré-revolução – não fosse a Revolução Soviética, a Rússia possivelmente seria hoje ainda uma enorme Mongólia, como o Brasil é, em boa extensão, um enorme pasto, por causa dos latifundiários), pretender conciliar ambientalismo com capitalismo é cair na utopia, na ingenuidade, supor algo que jamais existiu: um capitalismo não-predatório, capaz de um desenvolvimento auto-sustentável em relação aos recursos ambientais, ou um capitalismo que não seja produtivista (produção pela produção), que não persiga em sua sanha o valor de troca, a acumulação do capital e todos seus descalabros sociais, políticos, econômicos, ecológicos, humanos, etc. (Lembremos que o pensamento prático de Karl Marx começa a amadurecer dentro do comunismo e de uma teoria da revolução a partir do furto de madeira, conforme o filme recente O Jovem Marx representa bem. “Todo o artigo de Marx sobre os furtos de madeira é uma defesa corajosa, inflamada e indignada dos miseráveis perseguidos e explorados pelos proprietários das florestas”, escreve Michael Löwy, historiador da esquerda, cujo livro A Teoria da Revolução no Jovem Marx eu uso na bibliografia dos meus grupos de estudos e formação.)

A solução tem de ser estrutural. O resto é paliativo. O planeta não pode mais esperar. Mudar a estrutura contempla grandes reformas estruturais que ataquem interesses dominantes e revolução ecossocialista.

O que é o estrutural? Nele estão o modo de produção, os meios de produção, as relações de produção, as lutas das classes, ou seja, tudo o que forma e mantém a superestrutura política. O Manifesto Comunista, na parte final, deixa claro que, onde quer que estejam, os comunistas colocamos a questão da propriedade como central para uma alteração do status quo. Os gráficos abaixo explicam.

Ser revolucionário é agir no estrutural. Uma revolução ocorre a partir de uma condição, de uma situação revolucionária em que haja a necessidade da base, sua vontade organizada a partir da sua conscientização e a insustentabilidade do topo, mas precisamos desde já agitarmos e disseminarmos nossas pautas e construirmos, no plano das ideias e da realidade, uma construção revolucionária, não só a partir da conquista do Estado, mas em posições da sociedade civil.

As terras e fazendas devem ser expropriadas e socializadas, e todos os envolvidos, sobretudo os patrões e fazendeiros grandes, responsabilizados por tribunais revolucionários formados por indígenas, camponeses e trabalhadores do campo, unidos aos trabalhadores urbanos e sua luta pela socialização da propriedade privada dos meios de produção – fazendas, terras, indústria, grandes empresas, matérias-primas, etc.

28 de setembro de 2020