Vicente Cascione virou baba ovo do genocida Jair Bolsonaro

Em 11 de setembro de 2013, Vicente Cascione, defendendo o Mais Médicos, programa extraordinário que foi alvo de ataques baixos de estratos médios e da extrema-direitalha, rasgou muitos elogios e enalteceu Cuba e seus índices sociais, educacionais e de saúde no seguinte texto em perfil de sua rede social:

É de espantar que, recentemente, tenha criado vídeo em seu canal no YouTube e página no Facebook em que fala da “cubanização” (sic) do Brasil. Engana-se quem pensa que ele estivesse se referindo aos arroubos ditatoriais do amigão do Queiroz, conforme liberalóides incorrem com a pseudoteoria anticomunista da ferradura. Na verdade, para ele, seriam os tribunais superiores como o STF e o TSE a impedir o amigão do Queiroz — e seus cupinchas que faturam com monetização de fakenews — de desgovernar ainda mais.

Não irei divulgar nem compartilhar tal disparate, que inclusive o coloca em situação de vergonha alheia… Aliás, não pretendo, aqui, divulgar vídeos das sandices deste outro Cascione torpe, apenas denunciá-las textualmente.

Há ainda postagem de 2012, que redirecionaria para um texto em seu site, já retirado do ar por conta do tempo, em que defende Chávez da Venezuela de comentaristas e jornalistas obtusos e repetitivos, “canarinhos Psitacideos”, que o chamam de ditador:

(O mais surpreendente, e que tem a ver com a virada e mudança que ocorre no Brasil nestes últimos 10 anos: na área de comentários dessa mesma postagem supracitada, uma usuária emula a falácia direitista de que, se a Venezuela é tão boa assim, porque há tantos venezuelanos fugindo, sem considerar os embargos.  No entanto, se entrarmos em seu perfil, veremos fotos com estampas Mulheres Contra Bolsonaro, e a favor da ciência, do SUS, etc. Ou seja, de 2012 a 2021, ela deve ter mudado de ponto de vista sobre diversos assuntos, mas definitivamente não é uma fascistóide ou direitista. Ela respondia a outro usuário, que concorda piamente com o texto de Cascione, ainda que deixe claro que o texto, porém, não defende o chavismo, comentando que o povo venezuelano adora Chávez e que a Venezuela tem bons índices de IDH; este mesmo sujeito traz em seu perfil, anos depois, foto ao lado do próprio amigão do Queiroz…)

Viralizou, há poucos anos, vídeo em que o mesmo Cascione defende Lula contra os abusos de Sergio Moro. Ali, encarnara espírito crítico, mas técnico, lúcido.

 

Agora, o quase octogenário vira piada nas redes ao defender o indefensável.

É certo que o mesmo Cascione aceitou, anos atrás, ser advogado do coronel Ubiratan, partícipe do massacre do Carandiru, tendo escrito e pronunciado que não havia se tratado de um “massacre”, e sim de “ação inevitável”.

Acrescenta-se a este “ovo da serpente” outro: numa de suas lives, Cascione desconversou sobre o racismo diante de notícia chocante do assassinato de um negro num supermercado…

O que faz, ainda assim, um sujeito trabalhar e estudar a vida toda, construir alguma trajetória para, no fim da vida, já idoso e indo embora, arriscar a própria reputação ou até jogá-la no lixo em nome de um perverso como Jair Bolsonaro, cujos crimes antes e durante a pandemia chegam até mesmo ao Tribunal Penal Internacional em Haia e que acumula recorde de pedidos de impeachment no Congresso Federal?! (Vale lembrar que seus cúmplices e cupinchas inconsequentes e toscos também entram nesse enquadramento.)

É o que se deve perguntar diante de figuras como Sérgio Reis (pseudocantor agropecuarista), o sinistro da Saúde Marcelo Queiroga, até então médico cardiologista mais ou menos respeitado, etc. Quais os interesses sórdidos desses “tiozões” de estratos médios e de vida resolvida, a ponto de caírem no ridículo e nem sequer se importarem?

Na verdade, conforme muitos sabem, havia já sempre uma semente de preconceito, sordidez e de interesses de classe.

Nos perguntamos se tudo não passa também de oportunismo.

Tendo perdido feio eleições recentes para prefeito (contou com apoio do senador morto de COVID-19 Major Olímpio, ex-aliado de Bolsonaro!) e até para vereador (tamanha a sua incapacidade de agregar prestígio), além do espaço que tinha em A Tribuna, em que escrevia croniquetas inexpressivas, vazias, que não fediam nem cheiravam, há meses se debandou para a defesa da bandidagem de Bolsonaro e caterva, deixando incrédulos aqueles que o viam como um eixo de racionalidade básica.

É o dinheiro que compra a honra para se fazer propaganda ridícula nas redes de um sujeito como o amigão do Queiroz? Pois nem mesmo veio a público explicar sua guinada ou identificação, que o fez perder seguidores e dizimar a própria reputação, aproximando-se de um grupelho que a cada dia fica menor, como toda a extrema-direita. Qualquer nome considerável que um dia sequer tenha apoiado algo do DESgoverno atual já rompeu há tempos, sobretudo diante das crueldades na pandemia..

Profunda afinidade ideológica e índole criminosa explicam. Pois nem mesmo se trata de um presidente com ampla aprovação popular, com reeleição garantida ou que esteja em bom momento político, ao contrário: acuado por seus crimes comuns e de responsabilidade, insistente na sanha pessoal farsesca e incompetente, tendo que recuar de maneira humilhante dos seus arroubos, para não minar investigações graves contra si e seus filhos bandidos, lhe restou fazer hora extra liberando verbas fartas e muita corrupção para o Centrão oportunista. Todo brasileiro de bem sabe que, se não fosse isso, já estaria no chão.

Não é, portanto, um bom capital político para se apostar. Qualquer sujeito inteligente sabe que o momento é de falar em avanço da vacinação, gasolina cara, gás de cozinha em preço absurdo, volta da fome, da inflação, saídas e soluções para as reais urgências socioeconômicas do país, etc., não choramingos de quem está acuado pela justiça.

No entanto, Vicente Cascione, que sempre fez campanhas nebulosas sem projeto e muita empáfia, de cara sempre amarrada e carisma zero, se agarra agora no que há de pior na política, que é a familícia Bolsonaro, o bandido preso Roberto Jefferson e caterva, em ataques não ao que a grande imprensa faz de criticável, mas o que faz em seu dever, que é noticiar as bandidagens da quadrilha, além de ataques aos pontos positivos das instituições jurídicas conservadoras, que é o de garantir que a extrema-direita e seus sicofantas não façam do Brasil um país tiranizado por defensores de torturadores.

Em seu perfil no Facebook, em que é zombado, ou no YouTube, Vicente Cascione exibe um fim melancólico. Basta muita paciência para atravessar seu caótico raciocínio, em que mistura, como um senil, fatos históricos díspares (por exemplo, chegou ao ápice ridículo de equiparar o golpismo do grupelho do amigão do Queiroz com a Revolução Constitucionalista!), sua deficiência cognitiva e muita falastronice para, então, testemunhar o negacionismo antivacina, o racismo, ataques a quem noticia a bandidagem do DESgoverno, a defesa de um golpinho militaresco, tudo isso de uma figura que sempre se pôs como defensor do Direito.

Deveria rasgar seu diploma.

Que ele também seja, agora, investigado e denunciado, pois não se tolera mais conteúdos desse tipo e causa estranhamento tal comportamento, cujos partidários ou foram derrubados, desmascarados ou até foram parar na cadeia. Quais os interesses por trás de insistir, a essa altura do campeonato, na defesa de uma quadrilha minúscula, mas que provocou tantos crimes?

Trata-se de um irrelevante em termos políticos, um fracasso eleitoral e de público, mas fica o registro para detonar qualquer tentativa de encará-lo como sério, honrável ou respeitável no presente e no futuro.

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