Os bolcheviques só tomaram o Palácio de Inverno com a ajuda de oficiais militares fiéis a Lênin (e a Trótski, que já comandava o Exército Vermelho, urdido a partir de forças militares desgostosas do czarismo e com o governo provisório — por exemplo, o ex-czarista e então leninista Vladimir Antonov-Ovseyenko, que liderou os Guardas Vermelhos no dia fatídico), embora camponês e operário estivessem ali em peso… Maduro só não levou golpe recente de Guaidó, EUA e Europa porque o chavismo dominou as forças militares (aliás, o grande Chávez era militar), além de militância social organizada, e ele fez questão de mostrar pelas redes em vários vídeos que estavam armados dos pés à cabeça e às suas ordens… Fidel, o Che e outros triunfaram em Cuba ao fazer uma limpa teórica e material, de fora para dentro, no Exército contra a ditadura imperialista de Fulgêncio Batista… Allende morreu suicidado após acreditar nas instituições, tendo sido golpeado por Pinochet… No Brasil, as Forças Armadas tiveram um Prestes e sua Coluna, um Lamarca ensinando grupos de luta armada, um intelectual marxista feito Nelson Wenerck Sodré, mas limitados, porque foram expulsos, perseguidos, presos — houve cedo a implantação de um anticomunismo barato no militar brasileiro (que, historicamente, é um sujeito semianalfabeto), já com Vargas e a ala militar pró-nazismo, mas sobretudo após a Segunda Guerra Mundial, em que a outra aula, ideologicamente controlada pelo complexo industrial-militar dos EUA e sua “Política da Boa Vizinhança”, tornou-se dominante, levando à capitulação e ao golpe empresarial-militar de 1964. Não houve, na redemocratização, interesse em profunda reforma militar por aqui. É tarefa urgente para a esquerda que queira realmente mudar o país estruturalmente. E é um desafio que continua a ser global, acaso como está a situação militar na Rússia conservadora?… E os núcleos nazistas na Alemanha, núcleos supremacistas nos EUA, resquícios das ditaduras militares nas forças de segurança deste continente etc. etc. etc.?…