Um dos maiores desafios (se não for o maior) de uma construção revolucionária socialista consiste no fato de que precisa aglutinar, articular e unir, em solidariedade de classe, os mais diversos tipos culturais de pessoas (de trabalhadores): desde o jovem descolado e urbano que trabalha numa empresa de telemarketing com o camponês laborando numa terra, estereotipado num Jeca Tatu; um funcionário de terno e gravata em sua rotina num arranha-céu da Faria Lima com o entregador de chinelos em sua bicicleta entregando no dia a dia comida de aplicativo pelas ruas etc. etc. etc. A solidariedade e a devida organização nascem primeiramente da consciência de classe, mas também em momentos históricos mais graves do ponto de vista econômico. São os tipos mais diversos possíveis, presos, porém, em suas classes, que consiste exatamente em vender a força produtiva de trabalho para poder subsistir (com uma migalha que chamam de salário, considerando a riqueza produzida) aos detentores ilegítimos dos meios de produção, que lucram com o trabalho alheio — o capitalismo dividiu historicamente os trabalhadores com maestria, inclusive em termos de renda, porém é justamente aquilo que os une e os torna em comum, acrescido, por conseguinte, do poder que tais forças produtivas tem de simplesmente parar, sucumbindo todo um sistema baseado no capital, que não é o Leviatã, que simplesmente persiste através de comando por um trabalho e obediência/resposta de trabalho que gera (mais) valor…