Abaixo, carta de Antonio Candido (à época, jovem crítico em formação), a Mário de Andrade — um dos representantes máximos do modernismo brasileiro e da Semana de ’22, evento ponto-de-virada que neste 2022 completa 100 anos, grande poeta, romancista, contista, músico e pesquisador cultural — sobre seu poema dramático Café, conforme exposta na “Ocupação Antonio Candido”, realizada pelo Itaú Cultural em São Paulo, e aqui transcrita:
Poços de Caldas, 16 de janeiro de 1943.
Muito obrigado, Mário de Andrade, pelo trabalho que você teve me enviando as suas obras… escandalosamente cantadas por mim através da minha vítima nestas circunstâncias: Gilda! Muito obrigado pela Revista Nova e, sobretudo, muitíssimo obrigado pelo que você escreveu no Ensaio.
Como estou com a mão na massa, aproveito para falar de outro assunto. Antes de mais nada: Eu e Sainte-Beuve não nos damos bem com o teatro… Este aviso é uma precaução necessária, porque eu lhe vou falar alguma coisa sobre o Café. No seu drama (?), portanto, sou capaz de apreender só os aspectos não-teatrais. Não digo não-dramáticos – porque abunda nele dramático não teatral, e, este, acho que percebo. O que eu disser, naturalmente que não terá grande interesse para você; tem para mim, porque a audição do Café foi, de fato, uma coisa que muito me deu que sentir e pensar.
Para começo, acho que seu empreendimento resultou na maior obra que jamais viu ou sonhou ver a poesia dramática no Brasil. Aliás, isso não é dizer muito, concordo… Mas eu acho, sinceramente, que ela é uma grande obra no plano universal.
Deixando de parte o lado performance, de reussite formal, quero dizer a v. a razão mestra que me faz atribuir um excepcional valor ao seu drama: há certos aspectos do Brasil que v. é o primeiro a fixar e a universalizar – isto é, dar a eles o estado de arte, quer por via da sátira-poesia, quer por meio do patético. Ora, isto garante o caráter de superioridade artística que eu vejo no Café. Ao mesmo tempo, esta superioridade, no caso, só é realmente possível porque v. tem um seríssimo fundamento ético para a sua obra. V. elevou à categoria de arte largos e dos mais profundos aspectos do Brasil; ao mesmo tempo, a realidade humana e, lâchons le mot, social desses aspectos, garante a eles uma universalidade que dá à sua obra direito de permanência. O caráter pitoresco, que é tão frequente em boa parte dos seus escritos, está no seu dele lugar, desaparece aqui, onde poderia ser comprometedor. Pedaços como o do Truco servem para dar uma nota de cor, localizada no conjunto – o que areja e dá encanto.
Pela peça afora v. tem certas trouvailles que são de uma eficiência extraordinária. É o caso, por exemplo, do “– Eu sou aquela que disse.” Como eu comentava outro dia com a Gilda, esta apóstrofe (??) recorrente, traz do fundo dos tempos um obscuro tom bíblico, uma certa grandeza profética que muito serve para elevar as palavras da mulher.
E há coisas absolutamente novidades – como o “Cânone dos Assustados”, às quais, também você deu estado de arte.
Por outro lado, há um senão no Café. São certos pedaços em que há um certo demagogismo (ausente, aliás, do espírito da peça) – não sei se voulu –, como na cena dos fazendeiros e dos empregados. Esta cena não peca pela grandiloquência do discurso dos comissários, como quer a Gilda. Muito pelo contrário, acho este um achado, uma valorização estética de certo tipo ultra-brasileiro de retórica e de dialética. Peca, acho eu, pelo lado das apóstrofes dos camaradas, que soltam aqui e acolá, umas tiradas que me deixaram meio contrafeito (registro a minha reação por não saber a razão exata dela).
Em suma, e deixando de lado a extraordinária beleza formal para só cuidar do significado, parece-me uma grande obra, porque é, de fato, um momento social, com os seus problemas humanos, elevado à categoria definitiva da arte – e não esta (“nunca jamais!”…) servindo de apoio à expressão de tal momento.
Neste ponto, deixe-me dizer, Mário de Andrade, como eu acho grande a sua evolução em face dos problemas sociais. V. fez o caminho inverso do habitual. Na primeira mocidade, a gente arde por eles em entusiasmos generosos… e platônicos – para ir se aquietando, com a idade, num individualismo comodista, na grata contemplação do próprio umbigo. V. partiu do individualismo estético para, na idade em que normalmente se fica no adagio pianissimo da comodidade, entrar generosa e profundamente na dor que provocam aqueles problemas – como mostra este admirável Café, e como já vinha mostrando há tempo muito escrito seu.
O título sucinto, duma obra escrita “pra povo” (segundo o próprio autor na carta mais logo abaixo), não deixa dúvidas: daquele grão-elemento que tanta riqueza garantiu à elite paulista, o cultivo pelas mãos do trabalhador fornece cenários de lutas entre as classes, espelhados literariamente por Mário de Andrade, homem de posição socialista, marxista, que realmente entrou “generosa e profundamente na dor que provocam aqueles problemas” sociais. Mário preocupava-se com o valor social de um “teatro cantado” e privilegia massas corais como protagonistas do enredo. É, hoje, uma obra de tempo demarcado historicamente no Brasil. Arrisco a dizer que faz par — cada um a seu modo — ao poema dramático O Santeiro do Mangue (1950), de seu rival-amigo Oswald de Andrade, ex-burguês e comunista… Recomendo que se adquira Café em livro físico, mas a Universidade Federal de Santa Catarina, em excelente página virtual de textos literários em meio eletrônico, a transcreve tendo as Poesias Completas de Mário como edição de referência: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=43992.
Voltemos à correspondência… Pesquisei a resposta epistolar de Mário de Andrade a Antonio Candido a partir de pista deixada pelo próprio remetente no áudio que segue, que constitui depoimento da maior importância (proferido no Centro Cultural São Paulo em agosto de 1992 e pertencente ao Acervo IEB – Instituto de Estudos Brasileiros/USP):
Para quem, como eu, surpreendeu-se com a voz heráldica e empostada de um modernista kamikaze e tão coloquial feito Oswald, lendo vários de seus poemas (neste CD lançado por Augusto de Campos), e também para quem, como eu, alegrou-se quando gravação fonográfica reproduziu pela primeira vez a voz de Mário de Andrade a nós, cantando canções populares coletadas nas ruas ou em pesquisa, (não posso deixar de também recordar o deslumbramento coletivo que é a entrevista raríssima em vídeo que divulguei de Guimarães Rosa,) é pena não termos registro daquela primeira leitura de Café, já que a sua interpretação tanto impressionou o jovem Antonio Candido a ponto deste não sentir o mesmo impacto ao reler o texto…
Conforme conta no depoimento acima, o autor lhe respondeu em carta que fora publicada, anos depois, pelo editor cultural Décio de Almeida Prado no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo em 27 de fevereiro de 1960. (Tratava-se, pela proximidade da data de morte, de edição especial, com vários textos em homenagem a Mario e sua obra. Eis a exata página do jornal no acervo que condiz com a carta: https://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19600227-26022-nac-0038-lit-4-not/busca/Ant%C3%B4nio+C%C3%A2ndido+Mario.)
Carta de Mário de Andrade sobre <<Café>> (18/01/1943)
Por fim, transcrevo, ipsis litteris, o documento publicado:
No começo de janeiro de 1943, Mario de Andrade reuniu em sua casa alguns amigos para a primeira leitura do Café, poema dramatico a ser musicado por Francisco Mignone. Estavam presentes Oneida e Silvio Alvarenga, Gilda e Antônio Cândido de Mello e Souza, Luis Saia e o amigo argentino Norberto Frontini. Daí a dias, Antônio Cândido escreveu a Mario, comentando a obra. O grande escritor respondeu com a seguinte carta, até hoje inédita, que constitui um documento de intensa lucidez, dos mais importantes que um artista já escreveu no Brasil sobre os próprios métodos de trabalho e sobre o processo de criação. Vai publicada na ortografia do manuscrito e quase na íntegra, suprimindo-se cerca de dez linhas de carater pessoal, sem importancia para o caso. Deixaram-se, todavia, as referencias individuais cuja supressão implicaria em afetar a integridade expressiva.
“Quando vocês saíram, fiquei numa tentação danada de repegar logo no ‘Café” e preparar desde já uma qualquer ”redação definitiva” que eu pudesse passar a vocês. Mas não pode ser assim. O que está feito, embora reconhecendo que em muitas partes principalmente do poema, eu ”sinta” definitivo: é apenas uma redação para governo e trabalho do compositor. Certamente ainda não é a obra, vaidosamente só minha, que eu publicarei um dia, sem musica, para os que me queiram ler.
Aliás esta é uma das tragedias deste ”caso”. Há uma ”vaidade” no ‘Café’ que até chega a me repugnar e de que talvez eu seja castigado. É que se tratando de um libreto apenas, eu não devia ter dado aos meus textos o excesso de cuidado artistico que dei Eles se tornaram muito independentes, apesar das mil e uma intenções musicais a que pude confortavelmente me sujeitar, por saber musica o meu bocado. Quer ver um caso muito típico? É o Canone das Assustadas. Não há duvida nenhuma que eu o fiz com pura intenção musical, sujeitando-o a cortes ritmicos tais que obrigam a entrada canonica das três vozes corais femininas, consecutivamente cantando a mesma melodia. Mas o diabo é que, meu Deus! eu sei musica! De maneira que em vez de eu fornecer um texto qualquer, uma pobre quadrinha em redondilhas, de que um compositor inventasse de sopetão a idéia polifonica de um canone, porque a melodia dele, só dele, se prestava a isso, eu usurpei o valor exclusivamente musical do canone, a sua expressividade psicologica e pus isso no meu texto! O texto é que ficou canonico! No texto é que as palavras se assustam, montam umas sobre as outras, correm ofegantes. E a conclusão deploravel que sou obrigado honestamente a reconhecer é que em vez de eu auxiliar o compositor como devia, eu roubei ele. Nada implica mais que o compositor possa tirar um canone bom do meu texto. Pelo contrario; o mais provavel é que o canone musical esteja definitivamente prejudicado. É uma coisa por demais sabida que não são os textos milhores que provocam as milhores musicas. Principalmente em musica teatral, cuja audibilidade textual é muito incorreta. Mas o pior não é isto. É eu ter provavelmente sugado a musicalidade da musica, a pondo no meu texto.
Foi o meu pecado de vaidade. Completada a concepção da obra teatral, lhe tendo imaginado a marcação quase completa do movimento cenico, me propus honestamente a escrever textos sem grandes pretensões literarias, que apenas firmassem claro as idéias geratrizes e… didaticas. Principiei assim mas logo foi impossível continuar. Eu creio que V. já sabe: a obra-de-arte esteticamente destratada sempre me repugnou até a abjeção. Mandei musica e musico verem se eu estava na esquina e tratei exclusivamente de mim, da ”minha” obra.
Aliás ainda forçou esta interferencia da vaidade justamente eu ter esbarrado nessa danada cena da discussão entre donos e colonos a que V. e Gilda fazem reservas mais fortes e eu acho também a mais defeituosa de todas. Exatamente: a que causa mais malestar na leitura.
Esta cena era primitivamente a que abria a representação. Talvez até fôsse preferível eu não contar este ”segredo” meu, de artista. repare que ficava muito mais logico, muito mais natural como exposição do assunto, a obra principiar com a cena do cafezal, terminando o ato com a cena do armazém do cais. Mas é que também o segundo ato principiava com o Exodo e acabava com o Camara-Ballet, erro evidentissimo por dois fatos. Terminar logo o segundo ato, com a comicidade gozada do Camara-Ballet era prejudicar a validade moral do espetaculo. O espectador saía divertido por demais, com muita vontade de se rir com os conhecidos e convidar a gente pra beber um chopinho nos Franciscanos desse mundo. Ora isso eu não queria. Teatro é fundamentalmente e essencialmente povo, e si um de nós, ressequidos de cultura e erudição, é mais ou menos refratario a essa funcionalidade educativa do teatro, eu não queria e não quero esquecer que fiz uma obra voluntariosamente popular. Pra povo. Pouco importando mesmo a possível perfeição estetica dos versos. Ora transportando o ”Exodo” de efeito visual e musical creio que muito dramatico, para o fim do ato, o efeito moral sobre o povo era de abtimento, premonitorio de não-conformismos possiveis. Diante desses dois erros: o defeito moral da comicidade do Camara-Ballet ser desmoralizador de um publico geral e o defeito estetico dele prejudicar a gradativa intensificação dramatica do assunto, mudei as duas cenas de lugar.
Logo surgiu a modulação ritmica: urbano = Camara-Ballet -> rural = Exodo -> urbano = a revolução do terceiro ato. E me senti obrigado a obedecer a ela também no primeiro ato, lhe mudando as cenas de lugar:
E agora também a gradação do assunto prepara milhor a aparição da farsa do Camara-Ballet, que, força é reconhecer, é um bocado estrompante. Nesta distribuição timica do assunto a coisa milhora porque na primeira cena os estivadores estão à espera de noticias de providencias, que os jornais devem trazer. Já na segunda cena os comissarios falam decisoriamente que o governo prometou tomar providencias pelas suas camaras. E então o segundo ato abre sem muito forcejamento do assunto, denunciando o que são essas camaras.
Mas, voltando a essa terrivel cena da discussão. Era a primeira da peça, então, e como eu não tinha ainda pretensão de fazer poemas, porém textos para musicar, não havia motivo para esperar a chegada da ”inspiração”, nem obedecer a esta por onde escolhesse principiar. Fui escrever e parei horrorizado. Os donos aparecem no momento em que o colono velho, de desanimo, dá um ponta-pé no cafeeiro. A frase dos donos, ”’naturalistamente” seria qualquer coisa parecida com:
– Pois vocês não sabem que é proibido maltratar as arvores!
Imagina só uma frase dessas, cantada, o ridiculo que fica! O canto, por isso mesmo que anti-naturalistico, tem suas exigencias textuais. O meu engano é que eu imaginara falado o meu texto, quando ele tinha que ser cantado. E o drama, agora o ”meu” drama principiou: eu tinha que achar o ”tom” dos meus textos. Foi um deus-nos-acuda e uns quinze dias de uma indecisão feroz. Procurei me inspirar na tragedia grega, reli textos, nada. Shakespeare e nada. As danças dramaticas folcloricas colhidas por mim, nada. Até que o simples acaso de um pouco antes ter relido a tradução de Ossian feita lindamente por Otabiano, me lembrou os bardos celtas. Mas os legítimos, não Ossian. E foi o deslumbramento. Nem se pensava mais na discussão. Chegara tipicamente, no mais romantico sentido, a Inspiração! Ora uma passagem, ora um poema, sem nexo, sem ordem, sem conexão. Às vezes, nem podia terminar a leitura de um poema, deixava o livro para escrever. Me inspirei, plagiei deslavadamente, anatolefrancemente. Um poema de invocação aos porcos me deu a invocação ao ”grão pequenino do café”. Em quatro ou cinco dias tinha o poema todo escrito, com exceção da ”Endeixa da Mãe”, que não havia meios de achar.
Na verdade, eu ainda não achara o ”meu” tom. A coisa estava ainda muito grandiloquentemente bardica, os poemas eram bastante ruins a meu ver. E disso tudo pouca coisa ficou. Terá ficado um substrato mais que a realidade dos poemas — e ninguém nunca jamais se lembraria dos bardos celtas e dos meus plagios, se eu não o confessasse. Mas é que hoje ando assustadamente apaixonado pelos misterios da criação artística pra não confessar lealmente estas coisas, como já fiz, a pessoas varias. Eu devo o ”meu” Café aos bardos celtas.
Mas então já me viera o desejo maliciento de, na impersonalidade geral do assunto, celebrar a minha cidade e a minha região do café. E intercalei a evocação no poema do ”Exodo”. Achara ”meu” tom afinal. É engraçado que todos os outros poemas diferem sensivelmente desse por certos detalhes sentimentais de fatura. Quase tudo, ou tudo, é de uma dureza quase rispida de fatura, uma ausencia enorme de adjetivos qualificadores, ao passo que a evocação de São Paulo se escarrapacha em mil e um qualificativos sentimentais. Mas tudo derivou dele.
E só então tive que preencher a lacuna do poema: a cena da discussão. É o unico dialogo de toda a obra, não consegui lhe dar valor poematico. Aqui entra a musica com o seu joguinho. Você repare: em todos os dialogos das tragédias em verso faladas, desque o autor é obrigado a frases curtas, de conversa explicativa, sem tiradas, o poeta, por maior que seja, perde o valor poematico. É nas ”tiradas”, como sistematicamente em Shakespeare, nas frases mais longas que ele consegue reverter ao valor poematico ao clima, não exatamente de ”poesia”, de ”lirismo”, mas exatamente poematico. E com raras exceções, a altitude descamba.
Consolei-me com isso e acabei deixando a discussão no sensível desvalor em que está. Tenho outro consolo mais. Talvez que, posta em musica, seja a mais ”vivente”, vivificante das cenas, pela variedade de efeitos musicais, contrastes de timbres, processos varios de tratar polifonicamente o coral, riqueza de movimentos diferentes que colecionei aí. Porém, nada impede. Também estou convencido que é a parte mais fraca do meu texto. Mas também não concordo com Gilda: a demagogia dos comissarios é toda construída ”folcloricamente” com frases feitas da demagogia nacional e expressamente feita pra tornar abjeta a falação e, por consequencia, o grupo. A sua objeção me parece muito mais valida. Algumas frases já principiam me desagradando francamente e se destacando nitido da inferioridade do conjunto como indignas até dele. Já estou certo que muitas delas vou modificar e outras tirar.
Mas agora, pra acabar, volto ao principio: O ”Café” antes de mais nada o que precisa agora é descansar, como o legitimo que dizem mais concentrado depois de dormir um ano na saca. Trabalhei três meses, de iluminações sublimes e desesperos impiedosos nele, de outubro a dezembro. Cheguei a tresler totalmente, totalmente desgostoso de mim e desesperado da obra, sem mais capacidade nenhuma de ver. Não era mais essa insatisfação fatal e afinal das contas honrosa que todo artista tem quando dá por terminada a sua obra. E ele termina, não porque a obra não possa ser melhor, mas porque ela não pode fazer melhor. Todas as obras de arte, meu Deus! são obras em que o artista fracassou.
Mas o meu caso é que eu não tinha mais opinião perduravel dois segundos, nem nenhuma garantia de mim. Por isso é que fiz aquela leitura com amigos de vario espirito que escolhi, ( ) Agora eu sei por vocês que a obra poderá viver sozinha, livre de mim, por ai. Agora ela precisa descansar. Nestes cinco, seis meses, depois que a tiver traido bastante noutros amores, então poderei saborear melhor o gosto dela” (S. Paulo, 18-1-43).