Enquanto curso aponta para desenvolvimentos teóricos,
oficina pressupõe a criação
Objetivo: Os eixos básicos deste curso-oficina independente são a preparação e a criação teatral. Para isso, a base de pesquisa, laboratório e ensino tem como fim o Teatro Dialético, com elementos do Teatro do Oprimido de Augusto Boal (1931-2009), estudos e práticas de improvisação e de outras experiências teatrais mais contemporâneas. Bertolt Brecht (1898-1956), no final de sua vida-obra, que marcou uma virada seminal na história ocidental do Teatro, preferiu, por motivos teórico-práticos prementes, a designação teatro dialético do que “teatro épico”. Mesmo sendo ainda hoje tão utilizado, o termo “teatro épico”, ainda que tenha continuado como pressuposto desse tipo de representação, foi considerado muito formal e insuficiente (cf. o Pequeno Organon para o Teatro), não sugerindo a nova produtividade, as contradições e a possibilidade de modificação da sociedade. O novo termo, por sua vez, resgata imediatamente a dialética no teatro e aproxima-se melhor das práticas conquistadas e buscadas. Tal procura, inconclusa, continua vigente, e o objetivo deste curso-oficina é o de justamente basear-se livremente nos pressupostos deixados acerca desse teatro dialético, misturando-os a outros referenciais, exercícios e autores para criarmos caminhos condizentes com o nosso tempo. Os participantes são introduzidos a princípios de método dialético, aquecimento, improvisação, distanciamento, jogos dramáticos, exercícios específicos e dramaturgização. A depender dos desenvolvimentos criativos, uma turma pode chegar a criar uma obra (peça ou cena) a ser apresentada ou adquirir conhecimento e material para eventual repertório pessoal/coletivo.
Primeira parte: Princípios do método dialético; fundamentos filosóficos e científicos do real e da realidade; a categoria da particularidade como central na estética; obra de arte enquanto espelhamento do real.
Segunda parte: Levantamento de material, registros e dados a partir da realidade sociogeopolítica que nos circunda; a problemática do aquecimento de atores nos ensaios; improvisação livre-livre e improvisação livre a partir do material pesquisado; dramaturgização.
Terceira parte: Dar acabamento ao que está sendo criado pela oficina tendo como base pressupostos dum teatro dialético: a teoria do “não-porém”; o efeito do distanciamento; o gestus; a elaboração das alternativas; o aprofundamento das contradições para chegar a uma unidade dialética; voz/leitura/representação num teatro dialético na terceira pessoa, de rubricas, comentários e outros recursos; a memorização das primeiras impressões; transposições de ação e de fala ao passado, etc.
Duração: cerca de 5 meses.
Com certificado no final.
Público alvo: Atores e artistas com ou sem experiência, a partir dos 16 anos de idade.
Colaboração: R$50 a inscrição e R$150 mensais (desconto de 10% para adiantamento integral).
Data (turma A): Sábados, das 14h00 às 15h30.
Locais: Presencial e à distância. Intercalação entre salas de ensaio fechadas e espaços públicos abertos em São Paulo (capital); aulas teóricas online e em vídeos gravados.
Contato: (11) 951967615 (WhatsApp/Telegram/Signal).
Bibliografia principal
Anatol Rosenfeld: O teatro épico, São Paulo: Editora Perspectiva, 1985.
Anatol Rosenfeld: Texto/contexto, São Paulo: Perspectiva, 1985b.
Augusto Boal: Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 6ª edição, 1991.
Augusto Boal: Jogos para atores e não-atores, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 12ª edição, 2008.
Bertolt Brecht: Estudos sobre Teatro, coletados por Siegfried Unseld, tradução de Fiama Pais Brandão, Coleção Logos, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1978.
Constantin Stanislávski: Manual do Ator, tradução de Álvaro Cabral, São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Décio de Almeida Prado: “A Personagem no Teatro”, in A Personagem de Ficção, págs. 81-102, São Paulo: Editora Perspectiva, 5ª edição, 1976.
Fernando Peixoto: Brecht – uma introdução ao teatro dialético, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
Friedrich Engels: Anti-Dühring, Seção I – Filosofia, tradução de Nélio Schneider, São Paulo: Boitempo Editorial, 1ª edição, 2015.
Georg Lukács: Introdução a uma estética marxista, tradução de Carlos Nelson Coutinho e Leandro Konder, São Paulo: Instituto Lukács, 1ª edição, 2018.
Georges Politzer: Princípios Elementares de Filosofia, Lisboa: Prelo, 9ª edição, 1979.
Gilles Deleuze: “Um manifesto de menos”, traduzido por Fátima Saadi, in Sobre o teatro, págs. 25-64, organizado por Roberto Machado, Rio de Janeiro: Zahar, 2010.
Ingrid Dormien Koudela: Brecht: um jogo de aprendizagem, São Paulo: Perspectiva, 2ª edição, 2017.
Karl Marx: “Posfácio da 2ª edição”, in O Capital – Crítica da Economia Política, Livro Primeiro – O Processo de Produção do Capital, 9ª edição, tradução de Reginaldo Sant’Anna, São Paulo: Difel, 1984.
Viola Spolin: Improvisação para o teatro, São Paulo: Editora Perspectiva, 6ª edição, 2015.
Walter Benjamin: Ensaios sobre Brecht, São Paulo: Boitempo, 2017.
Inscrição
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