O ‘Big Brother’ (produto-entretenimento superficial e importado com marketing, propaganda, clichês e diálogos e cenas manipulados em que subcelebridades egoístas e malévolas se devoram para ganhar dinheiro) faz sucesso no mundo todo, mas não sei se a esquerda dos respectivos países morde a isca tão fácil assim como a esquerda brasileira, partidos, movimentos sociais, que se envolvem a tal ponto no ibope lucrativo, mordem a isca do marketing de identitarismo da Globo capitalista, emissora hegemônica que defende diariamente as contrarreformas neoliberais e o mercado. Preferem ser aceitos, empregados, cooptados pelo capitalista branco e hetenormativo do que realmente destruir a estrutura capitalista! É degradante.
Basta dar uma olhada nas redes antissociais.
A esquerda brasileira (aqui, sim, igual à do resto do mundo em retaguarda pós-moderna), contaminada de identitarismo, de arrivismo, em falta de construção revolucionária e lutas de classes, morde a isca da Globo, porta-voz de banqueiros e elite econômica. A Globo – progressista e liberal nos costumes, mas conservadora na economia – “sacou” isso e se dá bem jogando com o identitarismo. Não é à toa que a extrema-direitalha à lá Bolsonaro (mas também no resto do mundo) acaba agregando e enganando setores populares da classe trabalhadora, que identificam a esquerda lato sensu com esse “lixo cultural” importado, transbordando ideologia pequeno-burguesa e individualismo. Precisamos de Arte (e o Brasil a tem de sobra), da criação de uma nova cultura crítica e popular, de Economia Política, de Filosofia da práxis, de jornalismo e debates públicos que conscientizem o que acontece no país, não disto, muito menos da Record charlatã, retrógrada e evangelofundamentalista.
7 de fevereiro de 2021