Uma pessoa da minha família pegou COVID-19 e a médica do SUS (!) receitou ivermectina (que o sacripanta Jair Bolsonaro, reforçando seus crimes de responsabilidade, voltou a defender hoje junto ao medicamento Annita, mas que só mata piolho e lombriga) e azitromicina (antibiótico também sem comprovação científica, conforme vários estudos demonstraram), além de outros remédios menos absurdos contra os sintomas (prednisona, novalgina, vitaminas D3 e C), ou seja, como se fosse um “kit”!
Enquanto o resto do planeta Terra (que não é plana) começa a se vacinar!
Ao escrever este relato, recebo de contatos outros relatos contando que médicos da rede privada também estão receitando tais medicamentos.
Um colega – do Direito, não da Medicina – me diz que a azitromicina, conforme mostra a bula, pode servir para complicações respiratórias, já que o sintoma mais fatal da COVID-19 é a falta de ar… Mas isso não retira o que dizem os estudos internacionais e não responde aos meus questionamentos, que escreverei no final. E o pior e tão preocupante quanto: o uso desenfreado de antibióticos durante essa pandemia pode levar a “apagão” contra bactérias resistentes, conforme pesquisadores e médicos têm alertado.
Leio que um ou outro prefeito direitista também incentiva tais “kits” – ao invés de fazerem como prefeitos e governadores mais sensatos, que correm atrás da vacinação.
Não nos interessa se esses médicos votaram 17 nas urnas em 2018, não nos interessa se não passam de sicofantas – nos interessa a Ciência, ou é caso para serem impedidos de exercer a função! Será que essa médica faz parte do “grupo” de “tratamento precoce contra COVID-19”, que se julga apto e “independente” a receitar insanidades, mesmo quando sob riscos de efeitos colaterais?! Sem consenso nenhum com a comunidade médica, epidemológica e científica?! A troco de que?! Simplesmente não existe ainda qualquer “tratamento precoce” para COVID-19, a doença do novo coronavírus. Os usuários não estão nem mesmo sendo “cobaias” (e nem poderiam), porque, conforme escrevi acima, estudos com tais medicamentos já foram realizados e divulgados.
Um receituário é a via final, é o resultado de um longo processo que envolve estudos científicos e imunológicos de outros profissionais gabaritados! E tais estudos têm sido amplamente divulgados.
Aos médicos e profissionais da Saúde que me acompanham, se manifestem! Ninguém faz nada?! Fica por isso mesmo?! O que está por trás?
Por que essa defesa insistente de um governo que não está nem aí para a pandemia e para os óbitos diários (antes, renitente em relação à ineficaz hidroxicloroquina, como se Bolsonaro fosse um garoto-propaganda do lucro farmacêutico escuso e do negacionismo), um governo que destruiu o ministério da Saúde e nossa expertise em vacinação?!
Por que o alinhamento de certos médicos com essa defesa renitente?! A troco de que?!
É uma quadrilha de corrupção em conluio com laboratórios? Essa gente não é “maluca” de graça, e fanatismo que atropela ciência e anos de estudo – e até reputação! – só pode ter interesses! Quais?! Como?!
E a conivência mafiosa do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Regional de Medicina?! A troco de quais interesses?!
Quer dizer que a “categoria médica”, ostentando seus privilégios (a Medicina, no Brasil, é curso elitista de classe média, e as exceções confirmam a regra), só esbraveja quando é para ser contra os médicos cubanos – que vieram suprir a falta dos médicos brasileiros, que não vão à periferia e aos rincões do país? Ruy Castro escreveu que tal categoria e suas organizações, diante da pandemia e da incompetência, deveriam já ter feito algo para impedir e até derrubar (juntar-se aos mais de 50 pedidos de impeachment, por exemplo) o sujeito que ocupa a Presidência, uma vez que ninguém melhor do que os próprios médicos para julgarem o seu papel neste momento de crise sanitária.
O que realmente está acontecendo?
Ps.: Notícia de ontem – Morre aos 36 anos pastor “bolsonarista” que defendia cloroquina e ivermectina. São várias as notícias de casos assim…
Ps. 2: Infectologias reforçam posição contra tratamento precoce da COVID-19.